CONVENTO
“O Convento de Nossa Senhora das Necessidades, vulgarmente denominado da Senhora do Alcance”.
Respeitando antiga tradição, o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, fundou, em cumprimento do voto por ter vencido os castelhanos, no local, após movimentada perseguição começada em Évora e contactada desde o Rio Degebe, uma Capela dedicada à Virgem, a que os povos de Mourão e seu termo dedicavam profunda devoção.
Não existem documentos provatórios deste evento histórico nas Crónicas do Condestável, mas somente referências tardias publicadas em 1723 e 1728, respectivamente por Fr. Domingos Teixeira, na Vida de D. Nuno Álvares Pereira e na Évora Gloriosa, do padre jesuíta Francisco da Fonseca.
Este autor menciona outra acção de armas culminada no mesmo sítio, após a campanha de Toro, cº de 1478, onde as forças combinadas do Bispo de Évora, D. Garcia de Menesses, do Fronteiro-mor Rodrigo Casco de Vasconcelos e do alcaide-mor de Mourão, Diogo de Mendonça (o escritor, decerto por lapso, apelidou-o de Castro), dizimaram uma forte coluna invasora dos Reis Católicos, que penetrara na província e fizera grave razia, com numerosos prisioneiros e despojos de guerra.
Deste período era o CALVÁRIO gótico que se erguia na Tapada da Baloa, a cerca de 500 mao oriente da ermida, e cujos restos subsistem mutilados, no Museu de Évora.
O primeiro edifício possuía em 1534, no altar-mor, um retábulo velho, que necessitava de substituição, no parecer dos visitadores eclesiásticos do Bispo-Infante D. Afonso; e, mais tarde, no seu alpendre, esteve uma composição mural alusiva ao milagre da Senhora durante o combate entre Portugueses e Castelhanos, pintura assimilada ainda nos fins do séc. XVII, pelo prior Fr. José Marques de Oliveira, mas perdida antes de 1718 por caiações imprudentes dos zeladores da ermida.
Em 1670, os religiosos da Ordem da Descalcez de Santo Agostinho fundaram, à ermida, um mosteiro que não chegou a ser confirmado superiormente e o desembargo do Paço determinou encerrar em 23 de Julho de 1676, por não achar compreendido no número dos seis que a Santa Sé havia autorizado na província portuguesa. Todavia, a ermida subsitiu ao culto, a poder de esmolas de romeiros e assistida por um ermitão, até que, as diligências do Padre Manuel Jesus Maria. Instituyidor da humílima congregação de Tomina, dos clérigos regulares e ministros do eférmos e organizantes de S. Camilo de Lelis, que D. Pedro II consentia no termo de Moura e o Papa Clemente XI havia confirmado por Bula de 23 de Dezembro de 1709, aos mesmos religiosos se concedeu a casa e a cerca anexa chamada Horta dos Frades, por volta de 1717. Mais amplas doações lhe foram confirmadas por D. João V, segundo Alvará Régio de 3 de Março de 1749, assinado pelo ministro do Estado Baltazar Peles Sinel de Cordes.
No ano de 1799 os irmãos viviam de óbulos dos fiéis e de poucas fazendas do seu património, no regime de enfiteuse, Neste período, sendo vice-vigário geral da Ordem o Padre Manuel Sousa Carvalho, foi colectada, pela Fazenda Nacional, em 9900 réis” (Túlio Espanca, Inventário Artístico de Portugal, Academia Nacional de Belas-Artes, Lisboa 1970, Vol. IX, pág. 181).
Devido à construção e enchimento da Barragem do Alqueva as ruínas, de Estilo Barroco, que ainda restavam, foram demolidas e os materiais foram submersos pelas águas da referida Barragem.
IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS OU DA PURIFICAÇÃO

Após a demolição do templo em honra de Nossa Senhora do Tojal, existente nos arrabaldes de da Porta do Relógio (actualmente ainda aparecem alguns vestígios), e que em 1657 começou a ser destruído pelos cercos espanhóis, e que foi completamente demolido em 1664, dado a necessidade de construção dos baluartes e as determinações do Conselho de Estado e Guerra e da Mesa da Consciência e ordens militares, é que se começou a construir a actual Igreja Matriz, que está integrada dentro do amuramento do castelo. Foi construída por determinação régia de D, Pedro II, de 20 de Fevereiro de 1681, sendo o seu arquitecto o engenheiro D. Diogo Pardo de Osório e dedicado a Nossa Senhora das Candeias.
Os trabalhos de talha dos altares, principalmente o do Santíssimo realizaram-se no tempo de D. João V, época áurea das grandes construções.
O terremoto de 1755 fez nele profundos estragos. Em 1969-1970 realizaram-se aqui grandes obras de reparação.
O actual edifício é de estilo barroco de uma só nave. A imagem de Nossa Senhora das Candeias é a única sobrevivente do antigo templo de Nossa Senhora do Tojal; imagem do estilo gótico-manuelino. Medindo cerca de 1,2 m e é feita de granito.
IGREJA DE S. FRANCISCO

A sua construção ter-se-ia iniciado no reinado de D. João V, tendo as suas obras sido ultimadas já no reinado de D. José I. Foi sede da Ordem Terceira da Penitência até ao ano de 1820.
Monumento do estilo barroco, com um rico portal em xisto aparelhado com jambas e verga ornadas de florões e losangos. Composta por medalhão marmóreo com emblema da ordem da penitência e o simbólico cordão envolvido por duas tabelas, igualmente de mármore branco. Encontra-se ainda no seu pórtico o cronograma de 1740, sotoposto ao remate frontal, com anjo carnudo.
Deve-se ainda realçar a preciosidade do seu interior, já que toda a capela-mor está decorada com ricos azulejos típicos da Real Fábrica do Rato, de Lisboa, dos finais do século XVIII, onde se referem motivos religiosos com a vida de Santa Margarida de Cortona, Santo Ivo (Vivo), Santa Rosa de Viterbo e S. Luís, Rei de França. Merece, só por si uma visita a Mourão.

IGREJA DA MISERICÓRDIA
A Irmandade da Misericórdia foi fundada
presumivelmente no reinado de D. João III. Após várias modificações e revezes,
sofridos durante as guerras da Restauração, a actual Igreja remonta ao século
XVIII (reinado de D. João V), pois que em 1719 foram adjudicadas as obras da
sacristia e da tribuna, capela-mor e púlpito, pela soma de 474 000 réis.
No seu interior deve anotar-se a
existência de uma preciosa talha no seu altar-mor, com colunas salomónicas de
grande enfeite. O seu pórtico marmóreo está datado de 1743, tendo sobrepujado
as armas da Misericórdia de escultura notável.
Aqui funcionou a Biblioteca-Museu,
graças a grandes obras de restauro e adaptação levadas a efeito em 1982.
Foi de novo entregue à Misericórdia de
Mourão, há já alguns anos, de acordo com o protocolo que havia sido celebrado
entre a Câmara Municipal de Mourão e a Santa Casa da Misericórdia de Mourão.
Voltou de novo ao culto católico após algumas obras de renovação e remodelação
para o efeito.
ERMIDA DE NOSSA SENHORA
DOS REMÉDIOS
Situada no centro da vila, adossada a prédio de habitação a N. e flanqueada
por outro a O., no cruzamento da R. Benquerer com a R. José Joaquim Vasconcelos
Gusmão, a actual ermida de Nossa Senhora dos Remédios, foi construída no
reinado de D. José I, segundo uma autorização datada de 26 de Janeiro de 1776,
referente a construção da atual igreja.
O portal é feito de xisto da região.
Existe aqui um azulejo monocromo das almas do purgatório, com as maiúsculas
P.N.A.M.
Entre 1976 e 1984 esta igreja foi usada como sede da banda de música local.
A partir de 1984 sofreu remodelação da ermida para capela funerária. Em 1984, a
Paróquia de Mourão, procedeu à remodelação da nave incluindo a remoção do
púlpito e entaipamento do vão de acesso ao mesmo; construção de um tecto plano
sob a abóbada, restauro das pinturas da capela-mor e construção das casas de
banho.
ERMIDA DE S. BENTO OU DE
NOSSA SENHORA DO ALCANCE
Não se sabe quando se iniciou a sua
construção, apenas se conhece em 1613 a sua existência, e a do seu ermitão
Domingues Fernandes.
Em 3 de Setembro de 1617, a confraria de
S. Bento obteve licença para a sua ampliação, tal como actualmente existe.
A Igreja está voltada para o Norte; no
entanto, está antecedida por seis cruzeiros de pedra de xisto, símbolo do
Calvário da Penitência.
Deve referir-se a existência da imagem
de Cristo crucificado, de tamanho natural (ou Senhor da Boa Morte), que,
segundo se diz, pertenceu ao arruinado templo de Nossa Senhora do Alcance e foi
oferta de D. João V.
Actualmente, depois de algumas obras de
conservação, remodelações efectuadas para as necessárias adaptações, armários,
vitrinas, iluminação e alarmes para protecção
do espólio a expor, nela
funciona o Museu de Arte Sacra.. A necessidade de haver um apertado controlo
sobre as entradas no espaço e a falta de mão-de-obra que possa abrir e mostrar
o seu recheio aos visitantes que nos visitam dá origem a que já algum tempo que
se encontra fechado.
ERMIDA DE S. SEBASTIÃO
Edifício que deve remontar ao reinado de
D. Manuel I, pois que na planta do Castelo de Duarte de Armas, já aparece
referenciada.
Medidas interiores: Nave, 8 metros de
comprimento x 5,15 metros de largura.
Capela-mór: 4,40 metros de largura x 4
metros de fundo.
Esta ermida esteve muito abandonada e
quase em ruínas, felizmente que algumas comissões de festas de S. Sebastião
tiveram o arrojo e bom senso de através das receitas das festas entregarem
aquele valor para recuperação da ermida a quem pôde fazer a obra. Um aplauso
para quem assim procede.
ERMIDA DE S. PEDRO DOS
OLIVAIS
A Ermida
de S. Pedro dos Olivais está situada no alto de São Pedro junto ao Grande
Lago do Alqueva. A romaria a S. Pedro dos Olivais celebra-se na segunda-feira
de Páscoa.
Não
sabemos ao certo a data de construção da capela de S. Pedro dos Olivais.
Todavia, os “olivais” já aparecem referenciados como local de acampamento do
exercito espanhol quando da tomada de Mourão em 1657 não havendo qualquer
referencia à dita capela. Contudo, acredito que a génese da construção desta
capela esteja ligada à história dos olivais de Mourão.
Desde
os tempos antigos toda a gastronomia desta região é preparada com azeite. São
exemplos as açordas, as migas, os gaspachos e as tibornas. Era também utilizado
como forma parcial de pagamento de salários. Durante os vinte oito anos de
guerra da independência (1640-1668) a devastação dos campos levada a cabo pelos
espanhóis, destruíra alguns olivais. Com o regresso à paz (1668) a população
mouranense largou as armas e lançou-se de corpo e alma ao trabalho de arranjo e
recuperação dos campos, voltando a plantar olivais nas zonas desgastadas.
Os
sinais do progresso foram notáveis!...a mudança da paisagem rural e a riqueza
causada pelo surto de novos olivedos, refletiu-se nas construções urbanas da
vila na época setecentista.
Acredito
que tivesse sido neste período áureo de franco progresso e grande riqueza,
supostamente já em tempos do marquês de Montebelo, alcaide-mor de Mourão, num
período de forte implantação politica/religiosa, que o antigo proprietário
daqueles olivais ali tivesse mandado construir a dita capela no final do século
XVII. Possivelmente um dos mais ilustres mouranenses naquele tempo: João Limpo
Pimentel Pereira de Lacerda.