HOJE DIA 2 DE FEVEREIRO A FESTA DA NOSSA PADROEIRA
NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS
As festas populares, obedecem sempre a um cunho de tradição regional que caracteriza a alma simples do povo, ávido da expansão dos sentimentos, e por elas se afere do seu grau de cultura.
As festividades da nossa Senhora das Candeias em Mourão,é uma Festa que os mouranenses reivindicam na sua tradição mais histórica e que ainda hoje vivem com grande fervor devocional.
Sabe-se que, foi notícia no semanário“O Eco de Reguengos”, de Reguengos de Monsaraz, em 7 de fevereiro de 1935, nos seguintes termos:
«(...) Há tradições que o rodar dos séculos não consegue apagar, antes as gerações vão transmitindo e radicando num volume crescente, que a reação é incapaz de destruir. […] A sua festa das Candeias bem pode chamar-se fidalga, pondo à prova os dotes da sua nunca desmentida hospitalidade, e dando relevo às tradições da sua inquebrantável fé, nutrida por uma afirmação de crença na sua padroeira, patenteada aos olhos dos visitantes, que de todos os lados acorrem, atraídos pelos momentos do prazer espiritual que lhes proporciona a majestade de uma procissão, onde a unção, o respeito e a compostura, se desenham no rosto sincero dos seus componentes. Tão pouco habituados andamos a observar a ordem em atos daquela solenidade, que a nossa retina registou impressionada o facto, que bem significa a educação de um povo. No seu longo trajeto através das principais ruas da vila, num desfile ordeiro e compassado, o cortejo segue, em duas linhas paralelas, formadas indistintamente por senhoras de todas as condições sociais, empunhando cada qual a vela simbólica de iluminação à Virgem das Candeias. Abre o préstito o pendão, conduzido pelos festeiros; no seu lugar de honra, segue o andor com a venerada imagem; após ela o pálio, sob o qual o Reverendo Dr. Jerónimo Guerreiro, conduz a relíquia do Santo Lenho; depois a música, executando uma linda marcha grave, e na cauda, uma massa enorme de homens num silêncio impressionante. Finalmente, por toda a parte se respira um ambiente festivo, sintetizado na solenidade do dia, a que os habitantes de Mourão, num à porfia, emprestam o melhor do seu esforço, num desejo fremente de que resultem brilhantes, todos os atos da sua manifestação. E assim, num encantamento de modalidades em que as tradições ressurgem, dando-nos o retábulo de épocas distantes, o forasteiro sente que o espírito se lhe prende, na contemplação de hábitos e costumes de um povo, fiel aos seus antepassados, de quem sabem respeitar a memória»*(1)***
Ainda hoje, a comunidade mouranense procura na imagem da nossa senhora das Candeias reviver, o próprio percurso devocional de Maria, atingindo o seu clímax na festa, em honra da sua padroeira. Porém, este ano, não é possível realizar as festividades, por causa da terrível epidemia que aflige o mundo e Mourão de forma intensa, façamos então da oração o modo de encontro com a Senhora das Candeias, numa prece humilde para que a Sua Graça nos salve do sofrimento.
E é neste sentir e agir que podemos afirmar que a nossa Senhora constitui e constituirá, indubitavelmente, um valor sentido pela crente população mouranense que, suplicante, Vos roga em uníssono:
Salve, nobre Padroeira/ Do Povo, teu protegido, / Entre todos escolhido/ Para povo do Senhor. / Ó glória da nossa terra/ Que tens salvado mil vezes,/ Enquanto houver mouranenses, / Tu serás o seu amor.
"Texto: Francisco Capelas"